Uma muda no solo estéril

749 uma muda no solo estérilSomos seres criados, dependentes e limitados. Nenhum de nós tem vida dentro de si, a vida nos foi dada e nos é tirada. O Deus trino, Pai, Filho e Espírito Santo existe desde a eternidade, sem começo e sem fim. Ele sempre esteve com o Pai, desde a eternidade. É por isso que o apóstolo Paulo escreve: “Aquele [Jesus], que estava em forma divina, não considerou usurpação ser igual a Deus, mas esvaziou-se a si mesmo e tomou a forma de servo, foi feito igual aos homens e reconhecido em aparência de homem » (Filipenses 2,6-7). 700 anos antes de Jesus nascer, o profeta Isaías descreve o Salvador prometido por Deus: “Ele cresceu diante dele como um rebento, como um rebento de uma terra seca. Ele não tinha forma nem esplendor; nós o vimos, mas a visão não nos agradou" (Isaías 53,2 Bíblia do açougueiro).

A vida, o sofrimento e o ato de redenção de Jesus são descritos aqui de maneira especial. Lutero traduziu este versículo: "Ele disparou diante dele como um galho". Daí a canção de Natal: "Uma rosa brotou". Isso não significa uma rosa, mas um arroz, que é um broto jovem, um galho fino ou um broto de uma planta e é um símbolo de Jesus, o Messias ou Cristo.

significado da imagem

O profeta Isaías retrata Jesus como uma muda fraca que brotou de um solo árido e estéril! Uma raiz que brota em um campo rico e fértil deve seu crescimento a um bom solo. Qualquer agricultor que coloca uma planta sabe que ela depende de um solo ideal. É por isso que ele ara, fertiliza, aduba e trabalha seu campo para que seja um solo bom e rico em nutrientes. Quando vemos uma planta crescendo luxuriante em uma superfície dura e seca, ou mesmo na areia do deserto, ficamos bastante surpresos e gritamos: como pode algo ainda prosperar aqui? É assim que Isaías vê. A palavra árido expressa ser seco e estéril, uma condição incapaz de produzir vida. Esta é uma imagem da humanidade separada de Deus. Ela está presa em seu estilo de vida pecaminoso, sem nenhuma maneira de se livrar das garras do pecado por conta própria. Ela é fundamentalmente destruída pela natureza do pecado, separada de Deus.

Nosso Salvador, Jesus Cristo, é como a raiz de um broto, que não tira nada da terra à medida que cresce, mas traz tudo para a terra estéril, que não é nada, não tem nada e não serve para nada. "Pois vós conheceis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, que embora fosse rico, por amor de vós se fez pobre, para que pela sua pobreza vos torneis ricos" (2. Corinthians 8,9).

Você consegue entender o significado desta parábola? Jesus não viveu pelo que o mundo lhe deu, mas o mundo vive pelo que Jesus lhe deu. Ao contrário de Jesus, o mundo alimenta-se de si mesmo como um rebento, tirando tudo do solo rico e dando pouco em troca. Essa é a grande diferença entre o reino de Deus e nosso mundo corrupto e mau.

Significado histórico

Jesus Cristo não deve nada à sua linhagem humana. A família terrena de Jesus pode realmente ser comparada à terra seca. Maria era uma camponesa pobre e simples e José era um carpinteiro igualmente pobre. Não havia nada de que Jesus pudesse ter se beneficiado. Se tivesse nascido numa família nobre, se tivesse sido filho de um grande homem, então se poderia dizer: Jesus deve muito à sua família. A lei prescrevia que os pais de Jesus apresentassem seus primogênitos ao Senhor depois de trinta e três dias e oferecessem um sacrifício pela purificação de Maria: "Todo macho que romper a madre será chamado santo ao Senhor, e para oferecer o sacrifício, como está dito na lei do Senhor: um par de rolas, ou dois pombinhos" (Lucas 2,23-24). O fato de Maria e José não terem oferecido um cordeiro em sacrifício é um sinal da pobreza em que Jesus nasceu.

Jesus, o Filho de Deus, nasceu em Belém, mas cresceu em Nazaré. Este lugar era geralmente desprezado pelos judeus: «Filipo viu Natanael e disse-lhe: Achamos aquele de quem Moisés escreveu na lei e que também foi anunciado aos profetas! É Jesus, filho de José; ele vem de Nazaré. De Nazaré?” Natanael respondeu. "Que bem pode sair de Nazaré?" (John 1,45-46). Este foi o solo em que Jesus cresceu. Uma plantinha preciosa, uma rosa pequenina, uma rosa, uma raiz ternamente brotada da terra seca.

Quando Jesus veio à terra em sua posse, ele sentiu a rejeição não apenas de Herodes. Os líderes religiosos da época — os saduceus, fariseus e escribas — mantinham tradições baseadas no raciocínio humano (Talmude) e as colocavam acima da Palavra de Deus. «Ele estava no mundo e o mundo surgiu por meio dele, mas o mundo não o reconheceu. Veio para o que era seu, e os seus não o receberam" (João 1,10-11 Bíblia Butcher). A maioria do povo de Israel não aceitou Jesus, então em sua posse ele era uma raiz de uma terra seca!

Seus discípulos também eram terra seca. Do ponto de vista mundano, ele poderia ter nomeado alguns homens influentes da política e dos negócios e, para garantir, também alguns do Conselho Superior, que poderiam falar por ele e tomar a palavra: "Mas o que é tolice em o mundo, Deus escolheu, para envergonhar os sábios; e o que é fraco no mundo Deus escolheu para envergonhar o que é forte" (1. Corinthians 1,27). Jesus foi até os barcos de pesca no Mar da Galileia e escolheu homens simples e com pouca instrução.

"Deus Pai não queria que Jesus se tornasse algo por meio de seus discípulos, mas que seus seguidores recebessem tudo como um dom por meio de Jesus!"

Paulo também experimentou isso: «Pois ficou claro para mim: em comparação com o ganho incomparável de que Jesus Cristo é meu Senhor, tudo o mais perdeu seu valor. Deixei tudo isso para trás por causa dele; é apenas sujeira para mim se eu tiver Cristo" (Filipenses 3,8 Esperança para todos). Esta é a conversão de Paulo. Ele considerou sua vantagem como escriba e fariseu como lixo.

experiência com esta verdade 

Nunca devemos esquecer de onde viemos e o que éramos enquanto vivíamos neste mundo sem Jesus. Caro leitor, como foi sua própria conversão? Jesus declarou: "Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou não o trouxer" (João 6,44 Bíblia do açougueiro). Quando Jesus Cristo veio para salvá-lo, ele encontrou um terreno fértil para que sua graça crescesse em seu coração? O solo estava duro, seco e morto.Nós, humanos, não podemos trazer nada a Deus a não ser seca, aridez, pecado e fracasso. A Bíblia descreve isso em termos da depravação de nossa carne, natureza humana. Em Romanos, Paulo fala como um cristão convertido, relembrando o tempo em que ainda era como o primeiro Adão, vivendo como escravo do pecado e separado de Deus: "Porque eu sei que em mim, isto é, em minha carne, nada de bom habita. Eu tenho vontade, mas não posso fazer o bem" (Romanos 7,18). A terra deve ser animada por outra coisa: «É o espírito que dá vida; a carne é inútil. As palavras que vos tenho dito são espírito e são vida" (João 6,6

O solo humano, a carne, não serve para nada. O que isso nos ensina? Uma flor deveria crescer em nossa pecaminosidade e dureza de coração? O lírio da penitência, talvez? Mais como uma flor seca de guerra, ódio e destruição. De onde ela deveria vir? De solo seco? Isso é impossível. Nenhum homem pode por si mesmo se arrepender, trazer arrependimento ou fé! Por que? Porque estávamos espiritualmente mortos. É preciso um milagre para fazer isso. No deserto de nossos corações secos, Deus plantou um rebento do céu - que é a regeneração espiritual: "Mas, se Cristo está em vós, o corpo está morto no pecado, mas o espírito está vivo na justiça" (Romanos 8,10). No deserto de nossas vidas, onde nenhum crescimento espiritual é possível, Deus plantou seu Espírito Santo, a vida de Jesus Cristo. Esta é uma planta que nunca pode ser pisada.

Deus não escolhe porque as pessoas escolhem ou merecem fazê-lo, mas porque ele o faz por graça e amor. A salvação vem inteiramente da mão de Deus do começo ao fim. Em última análise, nem mesmo a base para nossa decisão a favor ou contra a fé cristã vem de nós mesmos: "Porque pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós; é dom de Deus, não de obras, para que ninguém se glorie. " (Efésios 2,8-9).

Se alguém pudesse ser salvo pela fé em Cristo e em suas próprias boas obras, então teríamos a situação absurda de que existem dois Salvadores, Jesus e o pecador. Toda a nossa conversão não decorre do fato de Deus ter encontrado em nós tais boas condições, mas aprouve a ele plantar o seu espírito onde nada pode crescer sem ele. Mas o milagre dos milagres é: a planta da graça muda o solo de nossos corações! Do solo anteriormente estéril cresce o arrependimento, o arrependimento, a fé, o amor, a obediência, a santificação e a esperança. Só a graça de Deus pode fazer isso! Você entende? O que Deus planta não depende do nosso solo, mas vice-versa.

Através da semente, Jesus Cristo, habitando em nós pelo Espírito Santo, reconhecemos nossa esterilidade e aceitamos com gratidão Seu dom da graça. A terra seca, o solo estéril, recebe nova vida por meio de Jesus Cristo. Essa é a graça de Deus! Jesus explicou este princípio a André e Filipe: “Se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas, quando morre, dá muito fruto" (João 12,24).

O Cristo em nós, o grão de trigo morto, é o segredo da nossa vida e do nosso crescimento espiritual: «Pedes uma prova de que Cristo fala em mim, que não é fraco para convosco, mas poderoso entre vós. Pois embora ele tenha sido crucificado em fraqueza, ele ainda vive pelo poder de Deus. E embora sejamos fracos nele, ainda assim viveremos com ele pelo poder de Deus para você. Examinem-se se permanecem na fé; verifique você mesmo! Ou vocês não reconhecem em si mesmos que Jesus Cristo está em vocês?” (2. Corinthians 13,3-5). Se você não obtiver seu valor de Deus, mas do solo estéril, qualquer coisa que não seja Deus, você morrerá e permanecerá morto. Você vive com sucesso porque o poder de Jesus opera poderosamente em você!

palavras de encorajamento 

A parábola oferece palavras de encorajamento a todos os que, depois da conversão, descobrem a própria esterilidade e pecaminosidade. Você vê os déficits de seu seguimento de Cristo. Você se sente como o deserto estéril, a aridez total, com a alma ressequida de auto-recriminação, culpa, auto-reprovação e fracasso, inutilidade e aridez.  

Por que Jesus não espera a ajuda do pecador para salvá-lo? “Porque aprouve a Deus fazer habitar nele toda a plenitude em Jesus” (Colossenses 1,19).

Quando toda a plenitude habita em Jesus, ele não precisa de nenhuma contribuição nossa, nem a espera. Cristo é tudo! Isso lhe dá bom ânimo? "Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que o poder extraordinário seja de Deus e não de nós" (2. Corinthians 4,7).

Em vez disso, é a alegria de Jesus entrar nos corações vazios e enchê-los com o seu amor. Ele se deleita em trabalhar em corações congelados e fazê-los queimar novamente por meio de seu amor espiritual. É sua especialidade dar vida a corações mortos. Você está vivendo uma crise de fé, cheia de provações e pecados? Está tudo duro, seco e árido com você? Sem alegria, sem fé, sem fruto, sem amor, sem fogo? Tudo secou? Há uma promessa maravilhosa: "Ele não quebrará a cana quebrada, nem apagará o pavio que ainda fumega. Com fidelidade executa o juízo" (Isaías 42,3).

Um pavio fumegante está prestes a se apagar completamente. Ele não carrega mais uma chama porque a cera o está sufocando. Esta situação é adequada para Deus. Para entrar em seu solo seco, em seu coração choroso, ele gostaria de plantar sua raiz divina, sua descendência, Jesus Cristo. Caro leitor, há uma esperança maravilhosa! "E sempre o Senhor te guiará, e em terra seca te encherá, e fortalecerá os teus ossos. E serás como um jardim regado e como um manancial cujas águas não enganarão” (Isaías 58,11). Deus age de tal maneira que só ele recebe a glória. É por isso que o recém-nascido Jesus cresceu como um rebento em solo seco e não em solo rico.

de Pablo Nauer

 A base para este artigo é o sermão de Charles Haddon Spurgeon, que ele proferiu em 13. Outubro de 1872 havia ocorrido.